
Agora, alguns desafios vem à tona, à luz do veto dado às cotas em 2007: que vamos falar aos movimentos sociais que nos apoiaram para chegarmos ao poder e que mantiveram por todo esse tempo a expectativa de que as reinvindicações seriam atendidas? Será que vamos ter que esperar chegar o ano das eleições para dizermos que somos à favor da luta dos negros, para após isto lembrarmos que devemos traçar políticas fortes a fim de "pagar a dívida histórica com os afrodescendentes"? E a classe pobre, que sempre foi duramente saqueada pela elite brasileira, como poderá melhorar suas condições se o muro da educação ainda se encontra alto (ainda que indicadores nacionais demonstrem um maior acesso comparativamente aos governos ultra neoliberais)?
Por conta de tudo isso, o movimento negro deve estar chateado e ainda desapontado com o Governo do Estado referente às cotas. Não tenho dúvidas. A resposta por parte do nosso governo, ainda que venha, virá atrasada. Mas será bem aceita.
A Secretaria Estadual de Juventude do PT/Pa (ou pelo menos parte desta) se coloca à favor da luta pelas cotas sociais e raciais na UEPA de maneira extremamente corajosa, o que deveria mesmo ser algo natural, uma vez que (recordando 2006) andávamos com vários adesivos dos negros grudados na roupa durante a campanha e isso é um compromisso com a história de escravidão e opressão ao negro. Precisamos na verdade, mobilizar a base juvenil que se identifica com as cotas e até aquela que não se identifica e abrirmos o debate no que isso poderá servir para mudar o quadro de distorções raciais e sociais forjadas ao longo de muitos anos.
No Brasil, a transformação tem que começar pela educação. Por isso é que devemos dar oportunidade aos que sempre foram excluídos do que de mais transformador e revolucionário pode haver, que é o conhecimento (e claro, o acesso a ele, vem primeiro).
Acredito que as cotas tardarão, mas virão. Depende do compromisso com a história!
(Michel Rodrigues)