quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Entrevista da Governadora Ana Júlia ao blog A Perereca da Vizinha

Reproduzo aqui entrevista da Governadora Ana Júlia Carepa concedida ao Blog A Perereca da Vizinha postado no dia 30 dezembro de 2009. Essa, foi para mim, a melhor entrevista da Ana nesse ano de 2010. Parabenizo, inclusive a blogueira e jornalista Ana Célia Pinheiro e peço-lhe licença para postar neste Blog.

A seguir, os principais trechos da entrevista:
Como é que a senhora avalia esses três anos de governo?


Ana Júlia: Quero dizer que neste momento estou feliz porque, depois de três anos de governo, podemos colher os frutos da mudança. E as mudanças, no nosso estado, precisavam ser estruturantes. Quando você fala em mudar, é reconstruir o Estado, em todas as suas áreas. Antes, quem governou este estado por mais de uma década, governou com a concepção do Estado mínimo. E nós entendemos que o papel do Estado, além de atender às questões básicas da população, é também o de fomentar o desenvolvimento – a geração de emprego, a distribuição de renda. A crise mundial comprovou que essa tese está correta. Se não tivesse instrumentos públicos para fomentar a economia privada, o Brasil teria sofrido muito mais na crise econômica. Pudemos passar mais rápido por ela porque temos um Estado forte, uma presença forte de bancos públicos, como o Banco do Brasil, Caixa Econômica, BNDES. Então, no Pará, essa mudança exige tempo, porque a utilização dos recursos naturais para gerar emprego e renda não se faz da noite pro dia. É a reconstrução daquilo que foi literalmente abandonado. E não porque alguém resolveu dizer: “ah, vamos abandonar a saúde, a educação, a segurança pública porque não temos recursos para isso”. Mas porque era a defesa do ideário político de um Estado mínimo.


Mas os tucanos alegam que pegaram o estado sucateado e que o reconstruíram e estruturaram para o desenvolvimento econômico: estradas, energia elétrica. Dizem que avançaram em vários aspectos, inclusive acabando com o “aluno-jacaré”. Não foi esse o cenário que a senhora encontrou?


Ana Júlia: Não. Podemos dizer o seguinte: teve a Alça Viária; é uma obra nova e não posso negar que é importante. Agora, para quem passou doze anos, passou dez anos sem fazer concurso para a Polícia Militar? Encontrei a segurança pública completamente sucateada; encontrei as escolas sucateadas. Não estou fazendo uma pequena reforma em mais de mil escolas – e já reformamos 650. Estou é fazendo uma reconstrução, porque as escolas têm de ser equipadas. Tenho de mudar o mobiliário, recuperar o telhado, construir laboratório, quadras esportivas, ligar na internet. Então, que reconstrução é essa? Reconstrução quem está fazendo sou eu! Só em termos de viaturas para a Polícia Militar, Polícia Civil, Corpo de Bombeiros já adquirimos mais de 1.100, entre carros, motos e lanchas.


Mas dá para recuperar o tempo perdido na segurança pela falta de concursos e de investimentos?


Ana Júlia: Nós estamos recuperando isso. As pessoas entendem que a violência é um fenômeno nacional, e até mundial. Mas as pessoas também percebem que está havendo um combate maior à violência, uma defesa da segurança pública, seja na ampliação do efetivo, seja em relação às viaturas e equipamentos. Quando eu assumi, havia, na Seccional do Comércio, apenas um colete à prova de balas para quatro policiais: tinha que tirar no palitinho para ver quem é que ia pra rua com um colete à prova de balas. E, detalhe: muitos dos coletes existentes naquela época estavam com a validade vencida. Hoje, o policial tem o colete, o armamento, a munição. É uma situação completamente diferente. No início deste ano, entreguei uniformes para os bombeiros, que, há dez anos, não recebiam nem uniformes, nem capacetes. Foi essa a realidade que encontrei. Então, na verdade, tinha um governo de propaganda – era muita propaganda.


Mas o PT também não faz muita propaganda? Os gastos do governo também não são expressivos?


Ana Júlia: Pelo contrário: são ínfimos. E muito menos do que o necessário, porque você precisa prestar contas à sociedade, para ela saber o que está sendo feito. Acho até que falamos muito pouco para a sociedade sobre o que estamos fazendo. Agora é que estamos ajustando essa situação, para a população saber as tantas obras que temos feito. É reconstrução na segurança pública, na saúde, na educação. E não só de reconstruir as escolas, mas, de levar internet, capacitar educadores. Já temos 25 mil educadores que participaram de cursos, desde o início do nosso governo.

Mas isso dá voto?Ana Júlia:


Não estou preocupada... Não posso ser uma governante... No dia seguinte à minha eleição, eu disse que não faria um governo “melhorzinho”, mas, um governo de transformação. Então, não posso me guiar pela única lógica da eleição. Tenho de me guiar pela lógica de que estou transformando o estado, cuidando das pessoas. É claro que se compreendo que grande parte da sociedade acha que esse é o melhor projeto, que ele está no rumo certo, quero que ele continue; que as mudanças continuem acontecendo. Mas não tenho dúvida de que questões como essas mudam, sim, a vida das pessoas.


A senhora não acha que essa pulverização das obras e a falta de obras grandes para “vender” ao eleitor colocam em risco a sua reeleição?


Ana Júlia: Não, porque as pessoas entendem que as nossas maiores obras são... Vou inaugurar amanhã uma estrada de doze quilômetros, um estádio de futebol, que não é o Mangueirão. Vou entregar uma moto e uma viatura de polícia. Mas o povo da cidade está tão feliz, que a obra maior que a gente inaugura é o sorriso das pessoas. A gente colhe sorrisos, a alegria das pessoas quando elas recebem um benefício. A minha maior alegria é ver, por exemplo, um jovem beneficiado pelo programa Bolsa Trabalho, através do qual 15 mil jovens já conquistaram emprego com carteira assinada. Essa é a nossa maior obra! A nossa maior obra é os 8.500 jovens que recebem o Pró-Jovem urbano, em 20 municípios do Pará. E nós combinamos isso a grandes obras, sim. Por exemplo, destravamos o Pará em relação a questões em que o Estado não se preparou, como a questão ambiental e agrária. Destravamos o Pará em relação a obras que há 19 anos estavam entravadas, como essas do “Ação Metrópole” – que são necessárias para o trânsito da Região Metropolitana de Belém e que sou eu que estou transformando em realidade. Antes de ser governadora, fui ao presidente Lula e à ministra Dilma Rousseff para conseguir realizar um sonho do povo paraense. Somos a maior província mineral do mundo, mas o nosso minério é exportado de forma primária; no máximo, semi-elaborado. E, para que possamos verticalizar o minério, trazer uma siderúrgica grandiosa para cá, precisamos contar, sim, com o apoio do presidente Lula e da ministra Dilma. Então, destravamos obras como as eclusas de Tucuruí, a BR-163 (Santarém-Cuiabá), a pavimentação da Transamazônica, a Hidrovia Araguaia-Tocantins, a ampliação do porto de Vila do Conde, o porto de Marabá, que é um convênio de mais de R$ 70 milhões e que está na fase de elaboração do projeto executivo. Isso é uma obra estruturante que vai gerar milhares de empregos.


Pois é, mas é aí que se fala: vários desses projetos – eclusas, BR-163 – são recursos federais. Cadê, então, o dinheiro do estado do Pará para investimento?


Ana Júlia: Olha, deixa eu te dizer: primeiro, me sinto muito feliz, uma governadora muito competente, pelo fato de estar trazendo obras importantíssimas para o estado, que estavam, há muito tempo, paralisadas e que agora estão acontecendo. Então, precisou ter competência e peso político para trazer essas obras. Segundo: só em Marabá, temos mais de R$ 50 milhões, entre a desapropriação da área e todas as etapas do Distrito Industrial; a contrapartida do porto de Marabá, que é alta, além da própria desapropriação da área do porto; os recursos para a revitalização do Distrito Industrial, que são mais de R$ 13 milhões. Portanto, é um governo que, além de investir com recursos próprios, tem a capacidade de buscar recursos federais. E veja: várias das obras que os meus adversários propagandeiam, também não são do Governo do Estado - são federais. O aeroporto, por exemplo, é recurso federal, é recurso da Infraero. Então, pelo contrário: nós estamos investindo mais do Tesouro Estadual, em todas as áreas. E, ao mesmo tempo, estamos tendo a competência de atrair investimentos federais para o nosso estado. Isso é mudança estruturante. Conseguimos uma solução para o embargo da carne do Pará, que só foi possível por causa do papel do Governo do Estado. Quando o Ministério Público indicou que não se comprasse a carne do Pará, fizemos mais de uma dezena de reuniões com ele. Agora, graças a quê? Já tínhamos mandado para a Assembléia Legislativa, desde 2007, o projeto de regularização fundiária. Já tínhamos feito, em 2008, o cadastro ambiental rural. Já havíamos lançado o plano de proteção à floresta, com a meta de redução de 80% do desmatamento ilegal até 2020. Já tínhamos feito o Zoneamento Econômico-Ecológico da região Oeste e já íamos iniciar as audiências públicas, que agora já foram todas as feitas, para o Zoneamento Econômico-Ecológico da borda Leste.


Muitas dessas iniciativas não vêm ainda dos tempos dos tucanos, como é o caso do Zoneamento Econômico-Ecológico?


Ana Júlia: Se montou o macro Zoneamento Econômico-Ecológico. Veja bem: só posso alterar a reserva legal, que hoje é de 80% em toda a Amazônia, depois que fizermos o Zoneamento Econômico-Ecológico na escala de 1 para 250 mil. É isso que o Governo do Estado está fazendo. Contamos com o apoio do Governo Federal? É claro. O presidente Lula assinou um decreto que permitiu esse zoneamento na escala de 1 para 250 mil, que é uma escala mais detalhada, que permite que a reserva legal seja alterada, nas áreas já desmatadas, de 80% para 50%, que é o que vai ocorrer em quase toda a borda Leste do estado, porque é uma área que já foi quase toda desmatada, mas que vai ter recuperação de reserva legal. Então, essa questão pode ter começado com o macro-zoneamento. Mas, o que terá efeito prático, inclusive para a vida do cidadão, é isso que estamos fazendo. E outra coisa: cadê a regularização fundiária? Cadê o cadastro ambiental rural? Cadê a regularização ambiental? Hoje, o mundo inteiro questiona como é que cada sapato, cada roupa, cada alimento é produzido. O mundo quer saber se isso é feito de forma sustentável, principalmente num estado da Amazônia.


Essa redução da reserva legal de 80% para 50% não vai na contramão do mundo?


Ana Júlia: Essas áreas não têm nem 50% de reserva. Então, pelo contrário: as pessoas vão é recuperar a reserva legal, elas vão plantar. O decreto que assinamos diz de que forma as pessoas podem recuperar a reserva. Queremos fomentar que elas façam isso e ganhem dinheiro ao mesmo tempo. E quando você refloresta, com qualquer que seja a espécie, você está seqüestrando carbono da atmosfera - é uma forma eficiente de contribuir para o clima do planeta. Então, isso é mudança estruturante. Se hoje estamos podendo vender a nossa carne e até ampliamos a exportação para a Venezuela, é porque fizemos o dever de casa. E também porque o Governo do Estado é mais do que um governo que reconstrói as políticas públicas: é um governo que fomenta a economia do nosso estado; que ajuda os produtores privados a inclusive ampliar os seus empreendimentos. E como? Fortalecendo essa relação com a Venezuela. Antes se achava que isso não era necessário, que isso não é papel do Estado. Eu compreendo que isso é, sim, papel do Estado - não vou substituir o produtor! Eu apenas estou ajudando a que esses produtores tenham uma melhor relação. A gente ajuda nas exportações e também vamos importar produtos que não temos aqui. Por exemplo: precisamos de fertilizantes, que não temos aqui, mas, temos na Venezuela. Então, só estou colocando pra você que isso é mudança estruturante. Vou entregar agora em janeiro, no mês de aniversário de Belém, 26 infocentros – só em Belém. Vou disponibilizar cinco áreas públicas com sinal livre de internet em Belém.


Quantas pessoas serão atingidas por esses infocentros?


Ana Júlia: Milhares. E em vários bairros. Entregaremos 26 infocentros no Tapanã, Icoaraci, Coqueiro, Condor, Val de Cans, Sideral, Outeiro, Benguí, Reduto, Cremação, Pedreira, Curió-Utinga, Barreiro, Marco, Telégrafo, Terra Firme, Tucunduba, Marambaia. E vou anunciar mais oito infocentros, ainda no primeiro semestre, para o Tapanã, Campina, Cremação, Guamá, Mangueirão, Telégrafo e Jurunas.


Cada infocentro desses tem capacidade para atender quantas pessoas?Ana Júlia: Mais ou menos 500. E veja que serão 34 infocentros ao todo. Isso sem contar que vou colocar a Orla de Icoaraci, a praça do Benguí, a praça do Jaú, na Sacramenta, o Ver o Rio e a Estação das Docas com sinal livre de internet. Você vai chegar lá com o seu celular e vai poder acessar a internet. Então, na verdade, vou atingir todo mundo. O que queremos é levar a oportunidade que o acesso à internet pode causar na vida das pessoas. Já temos, hoje, 16 cidades digitais – e já estou contando Belém. São 16 cidades que já têm áreas públicas livres de internet: Santarém, Altamira, Itaituba, Marabá, Santa Maria, Rurópolis. Santarém, por exemplo, vai ser a primeira cidade completamente digital - ainda em 2010, vou abranger toda a área urbana de Santarém. Já temos, hoje, mais de 500 escolas interligadas à internet. E vamos ter mais ainda no ano que vem. Isso tudo é mudança estruturante.


Mas, concretamente, o que é que a internet muda na vida de uma pessoa que está morrendo de fome, num estado em que há milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza?


Ana Júlia: Para o cidadão que está morrendo de fome temos mais do que o sinal da internet – temos uma série de políticas públicas. Temos o Bolsa Trabalho, o Pró-Jovem urbano. Temos, agora, R$ 40 milhões que conseguimos o programa de inclusão produtiva. São mais de 11 mil famílias – e a grande maioria recebe bolsa família – que terão, durante três anos, apoio para se capacitar e se organizar em cooperativas e associações. Esse recurso também vai servir para a aquisição de equipamentos ou insumos necessários a essas cadeias produtivas.
Vamos trabalhar as pessoas que já atuam na cadeia produtiva da pesca, a população de baixa renda; as que catam caranguejo, inclusive atendendo às exigências do Ministério Público e da Vigilância Sanitária; as pessoas que atuam na colheita do açaí; aquelas que atuam na coleta e na reciclagem de lixo. E, com certeza, ao final desse tempo essas pessoas não precisarão do Bolsa Família. Então, a internet lhe dá uma série de possibilidades de informação e de acesso a serviços públicos. Teremos, pela primeira vez, um infocentro em uma aldeia indígena – eu inaugurei em Itaituba. E mais: vai chegar ensino médio, em 2010, pela primeira vez na história do Pará, para as aldeias indígenas – só havia o fundamental. Quer dizer: isso é mudança estruturante, isso é mudança profunda, que tem conseqüência na vida das pessoas. Como eu digo: não se preparar para o desenvolvimento sustentável é não ver que o futuro está nesse caminho.


Mas o Pará continua como mero exportador de matéria-prima. Você pega a pauta de exportações do Pará e ela é toda de minério e madeira, sem nenhum, ou quase nenhum beneficiamento. Quer dizer: há 16 anos se ouve esse discurso de mudança estruturante no estado. Mas você não tem mudança real do perfil produtivo...


Ana Júlia: Está tendo agora. Desde 2007, por exemplo, estamos fabricando vergalhão de aço – e a nossa indústria da construção civil já está utilizando o aço produzido a partir do nosso minério de ferro. Você quer ver mais uma ação estruturante do Governo do Estado? Convencemos o Governo Federal da necessidade de energia elétrica, no leilão de Belo Monte, para os nossos produtores. Então, a bauxita que está saindo de Juruti gera emprego? Gera. Mas está indo para o Maranhão para ser transformada em alumínio. Mas ela vai poder ser transformada em alumínio aqui mesmo no Pará.
Então, com a Alpa (a Alumínios do Pará, siderúrgica que a Vale vai implantar em Marabá) vamos fabricar placas de aço. E propusemos a Vale, e mais para a Aço Cearense, que é o grupo ao qual pertence a Sinobras (Siderúrgica Norte Brasil S/A) que já tem uma fábrica de vergalhão de aço em Marabá, para que se associassem, formassem uma empresa. Elas toparam. Chama-se Alinja a empresa que elas vão instalar e que já vai fazer parte da estrutura da Alpa. Então, não vamos mais simplesmente exportar matéria-prima. Só que a fábrica tem de ser construída, para depois começar a funcionar. Quer dizer: nem que eu seja eleita novamente, vou ver a transformação da bauxita em alumínio. Por quê? Porque vai ter que primeiro fazer a hidrelétrica de Belo Monte - a bauxita só se transforma em alumínio a partir da energia elétrica; ela é um processo eletro-intensivo. Então, levou quantos anos para mudar a base produtiva do Brasil? E mudou de uma região – e nós estamos mudando, agora, no Pará. Aquela história de projeto xis e projeto ipsilon, que estava na propaganda, que tinha nos outdoors... Eu não coloquei nos outdoors – mas ele passou a ser realidade. A regularização ambiental e fundiária passa a ser realidade. O Ação Metrópole saiu do papel e passa a ser realidade. Os infocentros e o sinal de internet livre são realidade. A reconstrução dos hospitais públicos, a descentralização, inclusive, das ações de saúde. E vamos colocar para funcionar, já neste ano de 2010, o acelerador linear do Ofir Loyola, que, quando assumi o governo, estava, há três anos, nos porões da Secretaria de Saúde. Fizemos a obra necessária a essa instalação, uma obra que, desde o projeto, teve de ser acompanhada pela Comissão Nacional de Energia Nuclear. Ela já está na fase final dos testes e, em janeiro, deve ser entregue à população. Quer dizer: nós destravamos o estado do Pará. E o estamos transformando de forma real.


Então, como é que a senhora explica as pesquisas em que, segundo se diz, a sua rejeição estaria altíssima?


Ana Júlia: Eu não brigo com pesquisa. Mas, tem pesquisa pra todo gosto... Tem uma que eu já vi o formulário e que é interessantíssima... Ela faz dez perguntas, todas falando mal de uma liderança política, e outras dez falando bem de outra liderança política. Depois, pergunta: quem você acha que tem de ser candidato a governador? Tem esse tipo, mas, como eu digo, não brigo com pesquisa. Apenas quero dizer que as pesquisas têm a sua importância; não nego isso. E que nós reconhecemos, também, erros. Reconhecemos que foi difícil para o PT assumir um governo na Amazônia, no estado mais populoso e com as maiores complexidades e dificuldades da Amazônia. O Pará não tem UMA prioridade: tem de ter várias. Porque é um estado com tantas situações problemáticas, emblemáticas e conflituosas que temos de atacar várias questões ao mesmo tempo. Então, é assim que eu me sinto: feliz. Respeito pesquisa. Mas, se dependesse de pesquisa eu não seria governadora.


Mas nas pesquisas do PT a sua rejeição é assim tão alta?Ana Júlia: Não, é claro que não. Ela está em quanto?


Ana Júlia: O Ulysses Guimarães já dizia que a política é como nuvem: tá de um jeito hoje, mas, daqui a pouco, está diferente. Então, eu não nego isto: nós também cometemos erros – mas corrigimos os erros. Acho que o importante é você detectar, é você compreender que tem erros, e que precisa fazer de forma diferente.


Quais foram os principais erros, seus e do PT?


Ana Júlia: Primeiro o PT teve dificuldade de ser governo, né? Os militantes do PT foram acostumados, durante muito tempo, a ser oposição. Então, eles têm dificuldade de ser governo. Querem que a gente trate as questões de Estado, muitas vezes, como questões partidárias. Hoje, eu sinto na militância um maior envolvimento, inclusive em querer conhecer melhor as ações de governo. Como o estado é muito grande, ele não quer saber só do município dele. Quer saber dos outros municípios, porque ele sabe que essa é outra mudança significativa do nosso governo: o governo que quebrou paradigmas, que fez com que as políticas públicas chegassem a todas as regiões. Porque quando faço uma política pública como essa, em que vou mudar estruturalmente a região Oeste do Pará; quando vou mudar estruturalmente a região Sul/Sudeste do Pará; quando vou mudar estruturalmente a região Nordeste do Pará com um projeto que vamos anunciar agora em janeiro, que é também de utilização dos nossos recursos naturais, isso, essas mudanças estruturais que estamos fazendo na região, é também um trabalho de manter o Pará da forma como ele está. Porque era natural que as pessoas, nas regiões, nos municípios, se sentissem abandonadas, porque as políticas públicas não chegavam lá. Já reformei e construí mais de 50 delegacias neste estado – em três anos! Quer dizer: a sensação que tenho quando ouço os meus adversários que já governaram este estado durante tanto tempo falar, é que as delegacias estavam maravilhosas, as escolas estavam lindas, os hospitais estavam funcionando muito bem... Em suma: parece que estava tudo super bem e que, no dia primeiro de janeiro de 2007, tudo caiu, tudo desmoronou. Ora, o povo não é bobo, sabe que isso não é verdade. Nós encontramos este estado desestruturado!... Parece até que tinha colete, viatura pra todo mundo, na polícia; que tinha efetivo policial... Meu Deus!...


Mas já há resultados, por exemplo, em termos de indicadores de violência? E, na área de saúde, o que é que mostra uma mudança qualitativa de lá pra cá?


Ana Júlia: Na segurança pública, todos os indicadores mostram, neste ano, a diminuição dos assaltos, com violência, inclusive.

A senhora se lembra de cabeça?


Ana Júlia: Não. Eu posso te conseguir esses dados, sem problema nenhum, e te enviar. Mas, o secretário de Segurança, na última reunião do secretariado, falou sobre isso. E posso te garantir que o número de equipes do Programa Saúde da Família, por exemplo, foi ampliado. Eram pouco mais de 649 equipes – e hoje são 838 equipes, em 137 municípios. Veja bem: botei para funcionar os hospitais. Já temos quimioterapia em Santarém e, a partir de janeiro, vamos ter, também, radioterapia. Como vamos ter em Tucuruí e no Hospital Barros Barreto. Isso é uma coisa concreta, real. E outro ponto para o Governo do Estado: conseguimos qualificar o Ofir Loyola como hospital de referência, um hospital-escola, pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação.


Então, como é que a senhora explica as queixas que vêm, hoje, lá do Ofir Loyola, inclusive da presidenta da AVAO, Ana Klautau?


Ana Júlia: Tem muito mais questões politiqueiras nesse processo do que questões reais. Nós temos, também, os dados de pesquisa das pessoas que são atendidas pelo Ofir Loyola – e tem mais de 80% de aprovação ao atendimento. Eu atendo pessoas do Pará, de parte do Maranhão, do Amapá, de parte do Amazonas e do Tocantins. Ou seja, o Ofir Loyola é uma referência. E tanto é uma referência que agora será um hospital-escola. Veja: estamos descentralizando o atendimento e, a partir de 2010, vamos ampliar a formação de profissionais. E tudo isso é um trabalho que está surgindo agora o resultado. Por exemplo: além de estarmos instalando o acelerador linear, compramos um tomo simulador e um aparelho para braquiterapia, para alguns tipos específicos de câncer. Estamos equipando toda a UTI do Ofir Loyola, com aparelhos de última geração. E o que foi que o INCA, o Instituto Nacional do Câncer, nos disse? Que precisávamos instalar o acelerador linear para eles trocarem a máquina de cobalto mais velha do Brasil, que é a do Pará! Mas por que é que não fizeram nada antes? – ela tem mais de 60 anos!... Então, coube a mim destravar todas essas questões.
Vamos trocar a máquina de cobalto, vamos descentralizar... Por exemplo, o Barros Barreto. Em pouco tempo, logo no início de 2010, as máquinas já teriam condições de funcionar. O problema é que não há recursos humanos. E, apesar de ser um hospital federal, o Governo do Estado é que terá de enviar recursos humanos para lá, para atender oncologia. E não foi só descentralização nessa área oncológica. Por exemplo: hemodiálise. Inaugurei serviços de hemodiálise em Marabá, Ananindeua, Santarém, Altamira, Redenção, Castanhal e Marituba. Lembro que quando inauguramos em Marituba – inclusive uma sala muito grande; são mais de 20 aparelhos de última geração – o deputado federal Wladimir Costa disse que o pai dele faz tratamento de hemodiálise, numa clínica particular. Mas que os aparelhos da clínica particular não são tão bons e tão modernos quanto os que inauguramos em Marituba.


Mas essa é apenas uma ponta da questão. A Sespa, no seu governo, já vai no terceiro secretário – é um nó. A que a senhora atribui esses problemas na Saúde?


Ana Júlia: Você percebe que os problemas na saúde – e a gente assiste isso na imprensa – são nacionais? A primeira questão é esta: foi uma irresponsabilidade dos senadores. Se os três senadores do Pará tivessem votado a favor da CPMF, nós teríamos mais recursos para a saúde. Então, foi, primeiro, irresponsabilidade dos senadores do Pará, de votarem contra ter recursos para a saúde – num imposto que não atinge os mais pobres, diga-se de passagem. E que atinge as pessoas de acordo com o que elas ganham; é um percentual muito pequeno, essa é que é a verdade.


Até que ponto esse nó da saúde pode ser atribuído a essas máfias que historicamente dominam a saúde? Você teve troca-troca de secretários nas gestões tucanas e o PT enfrenta o mesmo problema. Até que ponto esses nós decorrem daí e até que ponto isso foi agravado pela presença do PMDB à frente da saúde do estado?


Ana Júlia: Olha, o problema da saúde é grave, nós reconhecemos isso, mas estamos destravando a saúde. E o que a Sílvia (Cumaru, secretária estadual de Saúde) está fazendo é dar continuidade a um trabalho. Não acredito que seja, vou dizer assim, vinculada direto qualquer situação à presença do PMDB. Seria uma coisa injusta até falar isso. Acho que tem problemas e tem uma concepção de saúde, que é nossa, que é muito do PT, que é o cuidado com a prevenção. Por isso nós ampliamos, de 649 para 838, as equipes do Saúde da Família. Agora, tem oposição, é claro. Imagine isto: um governo que estava há tantos anos, há mais de uma década, quando a gente muda as pessoas, isso tem reação. Como tem reação quando vou fazer regularização fundiária, quando vou fazer regularização ambiental; como tem reação porque a gente cumpre mandados da Justiça, por exemplo, de reintegração de posse, mas não o faz criando mais violência, com outros massacres. Quando assumi, tinham 173 de eu já cumpri mais de 200 mandados de reintegração. Hoje, tem menos de 50.


É muito difícil essa relação do PT com os produtores rurais paraenses, que têm, digamos assim, uma mentalidade arcaica?


Ana Júlia: Olha, eu diria que com uma minoria. Pelo contrário: acho que nós conseguimos quebrar um paradigma e mostrar aos produtores rurais que não apenas não temos nenhum tipo de preconceito, como estamos ajudando a que se regularizem, do ponto de vista ambiental e fundiário, e a melhorar a produção. A GTA (Guia de Trânsito Animal) eletrônica, a nível nacional, foi lançada no Pará e até 31 de dezembro teremos 80 mil propriedades georreferenciadas. Então, pelo contrário: tenho conversado com vários produtores rurais e eles estão muito agradecidos, porque reconhecem que o nosso governo fez o que muitos não fizeram. Hoje, a carne do Pará é referência no Brasil, porque você pode identificar se está tendo desmatamento ou não – coisa que em nenhum local do Brasil há condições de fazer. O governo Lula acabou de assinar um decreto semelhante ao do nosso Cadastro Ambiental Rural, que eu assinei em 2008! Ou seja, as nossas políticas públicas são referência, como é o caso do Navega Pará, que é um dos maiores programas de inclusão digital do país. Vários governos de outros estados já vieram ver como é que a gente está conseguindo levar internet de altíssima qualidade a lugares distantes.


Então, ironicamente, hoje o governo do PT tem mais dificuldade de relacionamento com o MST do que com os pecuaristas?


Ana Júlia: Eu diria que o Governo do Estado conversa com o MST, com a Fetagri, com a Fetraf, com os movimentos sociais. Agora, assim como tem aqueles pecuaristas que extrapolam, também há isso do lado dos movimentos sociais. Então, o nosso governo não discrimina ninguém, mas, não aceita excesso de ninguém. Sou governadora do Estado, tenho de manter a ordem. Tenho de manter a condição de produção daqueles que querem fazer isso de forma legal. Portanto, aqueles que extrapolam, que agem em desacordo com a lei e querem impedir o direito até do cidadão comum, do trabalhador de ir e vir, simplesmente porque o Governo Federal, através do Incra, não resolveu o seu problema, eu também não posso aceitar. A gente tem atendido como nunca antes na história deste estado inclusive a agricultura familiar: temos mais de R$ 20 milhões e mais de 300 convênios com associações, com sindicatos. Já distribuímos mais de 170 patrulhas agrícolas.


A senhora falou em mudar o perfil produtivo do estado e também em preservação. Como é que se encaixa Belo Monte nessa história toda, com todas as críticas a esse projeto, em termos dos males ambientais e sociais que trará?


Ana Júlia: Já defendi Belo Monte e, quando senadora, até escrevi um artigo sobre isso. Mas, em que condições defendi Belo Monte? Defendi Belo Monte contanto que tivesse um projeto de desenvolvimento regional sustentável na região do Xingu – e isso nós conseguimos implementar. Defendo Belo Monte porque a energia hidrelétrica é uma energia limpa, é uma energia mais barata e vai substituir as termelétricas a diesel – essas sim, extremamente poluentes. Estamos fazendo isso, agora, no Marajó: estamos levando a energia da hidrelétrica de Tucuruí, uma energia limpa, para substituir as termelétricas a diesel. E além de defender o plano de desenvolvimento regional sustentável, defendo que todos os impactos de Belo Monte sejam mitigados ou compensados. E tenho defendido, junto às empresas, como defendi junto à Vale – e também em relação a Belo Monte - que quando elas cadastrem as pessoas para trabalhar nessas obras, que exijam que elas morem, no mínimo, há dois anos, no Pará. Já me acusaram de fazer reserva de mercado. E eu disse que, se for para defender o povo do Pará, faço, sim, reserva de mercado. Amo o povo brasileiro. Mas, em primeiro lugar, o povo do Pará.


A senhora tocou na questão do fluxo migratório. Como é que está a relação do Governo do Estado com a Vale, tendo em vista a atividade intensa dessa empresa, o baixo retorno que se tem e o crescimento populacional do Pará, em decorrência dos projetos dela?


Ana Júlia: Olha, a nossa relação com a empresa Vale é muito firme, mas, sem bravatas. Acho que o governo que mais conseguiu extrair da companhia Vale benefícios para o Pará foi o nosso. Conseguimos a concordância e a realização de uma siderúrgica, a Alpa – e eles, inclusive, já entregaram o estudo de impacto ambiental, o EIA/RIMA, à Secretaria de Meio Ambiente. Então, tivemos momentos de dificuldade nessa relação? Tivemos. E teremos sempre que a companhia Vale não compreender a importância do Pará.
Hoje, essa relação melhorou muito, pela firmeza com que o nosso governo tem tratado, mas também com respeito a uma empresa que detém uma parcela significativa da economia. E o que nós queremos é que a Vale se insira na economia paraense, que dê apoio às ações do estado do Pará; que invista, também, na formação de recursos humanos no nosso estado e que essa formação seja feita para o povo daqui.
Como eu falei: fazendo reserva de mercado, sim; exigindo que as pessoas morem e comprovem que moram há, no mínimo, dois anos no Pará. Ou seja, para o povo paraense - os paraenses de nascimento ou de coração. Então, fico muito tranqüila porque tenho uma relação respeitosa com a companhia Vale. E, ao mesmo tempo, uma relação de exigir, de não permitir que, de forma alguma, o Pará seja prejudicado.


Mas, por exemplo, nessa questão da siderúrgica da Vale, o estado do Pará teve de desapropriar o terreno. Como é que pode que o governo ainda tenha de desapropriar terreno para verticalizar a produção, em se tratando de uma empresa com uma isenção tão alta de impostos?
Ana Júlia: Mas nós estamos fazendo uma siderúrgica no interior do estado. Há quantos anos não acontecia um projeto como esse, no interior de qualquer estado brasileiro? Há muito tempo. Estamos trazendo isso porque é uma mudança estruturante no estado. O benefício não é só para Marabá: é para o estado do Pará inteiro - primeira coisa. Segundo, o benefício, é claro, será maior para a região, para todo o Sul e Sudeste do Pará. Então, é natural, assim como há incentivos fiscais para outras empresas que vêm se implantar no Pará. Não estamos dando incentivo só para a Vale. Na verdade, desapropriamos uma área para ser Distrito Industrial. Por quê? Porque acreditamos que aquela região se transformará num pólo industrial, a partir do minério. E não só a Vale, com a siderúrgica, irá se implantar, mas, outras empresas terão o mesmo incentivo. Então, é um incentivo que vale a pena, porque vai gerar milhares de empregos para o povo do Pará. Eu estava em Marabá, fui participar da premiação do Empresário do Ano, e foi anunciado, por exemplo, já graças à atração desses investimentos, um shopping center com duas torres, em Marabá, do mesmo tamanho do shopping Boulevard, inaugurado recentemente em Belém.

Mas não se poderia exigir um pouco mais de contrapartida da Vale?
Ana Júlia: A contrapartida que estamos exigindo é a formação de recursos humanos. Eles participam dessa formação, participam de vários projetos e vão implantar a siderúrgica. Poderíamos trazer essa siderúrgica, por exemplo, para Barcarena, que está bem mais próximo para eles. Mas, por que é que trouxemos para o interior do Pará? Para também internalizar o desenvolvimento, a geração de empregos numa região em que até algumas lideranças políticas falam em separação. Ora, mas se você for ver a “grande” manifestação que teve em Marabá pela separação; a “grande” manifestação de 150 pessoas, isso mostra que isso não é mais uma bandeira do povo. O povo está percebendo os benefícios que está tendo com essa atração de investimento.

Mas a senhora não acha que já existe, na prática, outro estado no Sul e Sudeste do Pará?
Ana Júlia: Para mim tudo é Pará, porque fui votada por todos os municípios do Pará. Então, sou a governadora do Pará. E vou lutar pra ter o Pará. E vou levar as políticas públicas ao Pará todo, porque esse é o problema. Por que é que as pessoas se sentiam abandonadas? Por que ninguém brigava como eu briguei para que os delegados, os escrivães que passaram no concurso fossem para o interior. Todo mundo fazia aquele famoso QI, aquela famosa... “Ah, não, esse daqui é filho de não sei quem”. E ficava todo mundo aqui por perto e os interiores ficavam sem. Mudamos esse paradigma: estamos levando as políticas públicas a todas as regiões do estado. Porque não é paraense só quem mora na Região Metropolitana de Belém. Aqui tem a maior concentração por metro quadrado: dois milhões de paraenses. Mas tem 5,2 milhões de paraenses distribuídos neste imenso Pará. Então, tenho de levar o desenvolvimento também para essa população.
E tem mais: a riqueza mineral está naquela região, principalmente. Então, temos de respeitar isso e devolver, também, o desenvolvimento que veio dessa riqueza. Sou funcionária do Banco do Brasil. Quando assumi o Banco do Brasil, há 27 anos, assumi em Itaituba. Fui para o interior porque acho que quando você é servidor público tem de pensar que a sociedade tem direito às políticas públicas. Por isso é que levamos água aqui para as ilhas, por isso é que temos o programa Rios de Saúde, que já atendeu a mais de 70 mil pessoas. Aqui, na região das ilhas, em Jutuba, Jurubuoca, inaugurei, junto com Dom Orani, água, a partir da captação de água da chuva, para uma população que não tinha água potável, nem perspectiva de ter. Quando cheguei à última que inauguramos, a Urubuoca, lembro que a felicidade das pessoas era porque as crianças já não ficavam doentes. É claro que, para alguns, pode parecer pequeno reconstruir uma escola, uma delegacia, criar oportunidades para as pessoas, como estamos criando, em todas as regiões.
Mas, para aquele povo, para aquela mãe, por exemplo, que tem quatro filhos, que coloca dois filhos de manhã e dois filhos de tarde para usar a mesma roupa, porque não tem dinheiro para comprar uniforme para todos eles, e que de noite vai lavar a roupa para botar para secar, para eles usarem no dia seguinte, uma política pública como a do kit escolar é importantíssima.

Mas o kit não poderia ter sido feito sem uma irregularidade que acabou indo parar no Ministério Público? Por que não licitar o kit? Foi pressa de fazer antes do ano eleitoral de 2010?
Ana Júlia: Olha, não tem nada a ver com pressa de ano eleitoral, até porque nós decidimos em 2008 – portanto, no final da metade do meu mandato; então, muito longe de questão eleitoral. E a minha ex-secretária de Educação (Iracy Gallo) utilizou como referência uma licitação da Comunicação. Não tenho nenhum problema que o Ministério Público investigue, mas, não tenho dúvida de que não tem irregularidade. Pode ter discussão da forma.
Tanto que determinei à nova secretária que era melhor atrasar um pouco a entrega dos kits, mas fazer de outra maneira, para não criar essa polêmica se podia ou não podia usar essa licitação – uma licitação que existiu e é referência para o Estado. Então, não é um processo sem licitação. E o ex-assessor jurídico da ex-secretária achou que poderia ser utilizada. Foi um entendimento jurídico, na época da ex-secretária de Educação.

E o que pensaria a senadora Ana Júlia Carepa se visse este procedimento: o uso de uma licitação de propaganda, para a compra de material escolar? Como veria a senadora Ana Júlia Carepa uma situação dessas?
Ana Júlia: Olha, eu iria logicamente verificar se realmente aquele material teria servido para Comunicação, que foi esse o princípio que ele utilizou, e veria se teria algum tipo de má-fé – ou não. Ou se seria apenas a utilização de numa licitação para agilizar um processo. Mas, considerando que é uma questão polêmica, o que é que determinei? Façam de outra forma. Ponto. Aí nós não vamos mais ter esse tipo de polêmica. Agora, não vou é deixar de ter o uniforme para os jovens e as crianças. E esse ano vamos fazer diferente: vamos fazer material escolar e uniforme – caderno, lápis, coisas que os jovens e as crianças precisam e que os pais agradecem muito, quando a gente fornece. Sabe por quê? Porque a maioria precisa. Essa história que eu conto, da mãe, não fui eu que inventei: foram mães que vieram contar pra mim, agradecidas. Então, esse tipo de política, que recupera políticas públicas, e que, ao mesmo tempo em que faz essa recuperação, planta, de forma concreta e decisiva mudanças do modelo de desenvolvimento neste estado, é isso que está acontecendo.

A senhora diz que o Governo do Estado está transformando o Pará, mas a sua rejeição é alta. Então, de quem é a culpa? É da imprensa?
Ana Júlia: Não coloco a questão de culpa. Mas, é óbvio que quando você tem um governo que setores da imprensa só querem mostrar o negativo no estado; quando tem pessoas que estavam encasteladas no poder; quando tinha um governo anterior, que se preocupava muito com poucos e se preocupava pouco com muitos, é claro que essa preocupação de muito com poucos beneficiava aqueles que têm poder, outro tipo de poder na sociedade. Então, é natural que sofra reação o meu governo. Mas, quero lhe dizer que essa questão de “tem rejeição”...
Primeiro, que o que a gente tem não demonstra ser tudo isso. Pelo contrário: demonstra que estamos melhorando; estamos muitíssimo bem avaliados, inclusive em várias regiões do estado. Segundo, é lógico que precisamos comunicar melhor. Nós reconhecemos erros; não sou uma pessoa que não reconheça que também cometemos erros no meu governo. Não foi só na comunicação – esse é um dos erros. Então, agora mesmo fizemos mudanças na área de Comunicação, mudanças na Secretaria de Governo e em várias secretarias.
Não tenho dúvida de que o resultado dessas mudanças está acontecendo. Vou entregar 26 infocentros de presente para o povo de Belém. Vou entregar cinco áreas públicas em Belém com sinal livre de internet. Vou entregar, no Guamá, dois mil títulos de autorização de uso da terra, que é uma parceria com o GRPU, mas que só é possível porque o Governo do Estado fez esse convênio, através do qual contratei pessoas – e um trabalho que o GRPU ia levar dez anos para fazer, ele está fazendo em menos de dois. Então, são políticas públicas que estão mudando a vida das pessoas. Vi, no final de 2007, no início de 2008, prefeitos que estavam numa situação de pesquisa muito pior do que a nossa – mas muito pior! – que foram reeleitos. Então, pesquisa é algo que você tem de ter como referência. Mas ela não é absoluta.

Mas muitos desses erros que a senhora admite não decorreram do fato de a senhora pertencer a uma corrente que não é majoritária no PT? A senhora não se deixou guiar demais pela DS (Democracia Socialista)?
Ana Júlia: Não. Acho que o meu acidente foi mais prejudicial, porque, no meu primeiro ano de governo, eu não podia quase andar no estado, não podia estar fiscalizando todas as obras. Fiz duas cirurgias, fiquei muito tempo na cadeira de rodas; utilizo uma prótese e até hoje tenho limitações. Então, acho que essa questão... A inexperiência, lógico, do PT em governar um estado desse tamanho não foi de uma tendência ou outra, mas, a nível geral.

Mas não houve dificuldade de relacionamento da DS até mesmo com as outras correntes do PT?
Ana Júlia: Não creio que essa dificuldade é que tenha levado ao cometimento de erros, porque eles independeram de correntes políticas. Pessoas da minha tendência política também cometeram erros e saíram do governo. Portanto, essa questão é absolutamente irrelevante.
A senhora nunca pensou em sair da DS?
Ana Júlia: Não.
Por quê?
Ana Júlia: Porque é a minha corrente, a corrente com a qual me afino. Agora, todas as pessoas do meu governo, inclusive da DS, sabem o seguinte: tenho tratado as políticas públicas de uma forma acima de correntes. Como a própria saúde pública: briguei com pessoas, pessoas da minha corrente política ficaram chateadas comigo. Por quê? Porque eu disse o seguinte: agora, a saúde pública não vai ser de partido nenhum. Ela vai ser algo que vou olhar com a atenção necessária, como uma mãe. Uma mãe que está com o filho doente, porque a saúde pública é algo que está realmente com muita dificuldade. Então, o filho doente tem de estar do lado, olhando o tempo todo. E nós estamos tirando esse filho da UTI, ele já está na enfermaria, já está para ter alta. Não que ela não enfrentará dificuldades.
Olhe a situação do município de Belém e de outros municípios que já têm gestão plena: todos enfrentam dificuldade. Repito: a irresponsabilidade dos senadores do Brasil e de todos os paraenses que votaram contra recursos para a saúde contribui para a situação difícil da saúde pública. Mas, estamos mudando inclusive a concepção. Quando crio, pela primeira vez na história do Pará, um programa de apoio à Atenção Básica em que repasso recursos fundo a fundo aos municípios, estou ajudando a melhorar isso. Porque eu posso construir uma nova Santa Casa, como vou fazer; posso ter dobrado os leitos de UTI neonatal, como dobrei da Santa Casa; posso ter construído uma UTI adulto, como construí na Santa Casa, com aparelhos que grande parte dos hospitais privados do Pará não têm; posso ter criado um centro obstétrico na Santa Casa, mas 90% do sucesso do nascimento de um bebê depende do pré-natal. E quem faz o pré-natal é o município. E, reconhecendo a dificuldade dos prefeitos, resolvi colocar dinheiro direto na conta deles, independente se ele está inadimplente ou se é de partido A, B ou C.

Não é complicado ter na linha de frente do seu governo pessoas como o seu marido e o seu ex-cunhado?
Ana Júlia: Não. Acho que ninguém pode ser condenado – um militante político, um quadro político do nosso partido – porque, há doze anos, foi casado comigo. Acho que isso seria um absurdo. O que há é que algumas pessoas talvez quisessem que eu colocasse um militante do PSDB, do DEM. Mas, o meu governo é do PT e dos aliados. Então, não vou colocar quadros políticos de outros partidos. Aliás, todos os meus secretários, inclusive os novos, têm tido um papel importante, estão à frente de secretarias com projetos estratégicos. Então, isso daí é o mais profundo preconceito. Tenho documento do Ministério Público dizendo que sou a governante deste estado que mais combateu o nepotismo. Agora, como eu disse: não posso condenar um militante, um quadro do meu partido, deixar de aproveitar no meu governo uma pessoa competente simplesmente porque, há doze anos, ele foi casado comigo.

E como é que a senhora vê essas acusações de que, na verdade, são o seu ex-marido e o irmão dele que mandam no governo?
Ana Júlia: É mais um preconceito daquelas pessoas que não conseguem aceitar que é uma mulher que manda no Governo do Estado. Existe uma visão extremamente preconceituosa, porque nesta área, na área política, do poder, temos as mulheres em minoria. A política ainda é uma área onde o poder masculino prevalece. Então, existe um preconceito muito grande. Olhe: homem no poder, quando ele tem duas, três, quatro, cinco mulheres todo mundo aplaude, acha lindo e maravilhoso – a demonstração de que o cara é bom mesmo, né? Agora, uma mulher, porque um ex-companheiro... Não, aí é porque “fulano está mandando”. Quer dizer: não conseguem entender que quem manda neste estado é uma mulher, uma mãe, uma trabalhadora, uma arquiteta, uma bancária que ganhou o Governo do Estado e que está fazendo um trabalho de cuidar, em primeiro lugar, dos seres humanos, sem esquecer de transformar o estado do Pará.

Como é que está a relação do governo com o PMDB? Ainda dá para recuperar essa aliança?
Ana Júlia: Olha, num casamento a gente tem momentos muito bons e maravilhosos e tem momentos difíceis. Eu acho que a gente está num momento difícil. Não posso dizer que é um bom momento. Mas, por outro lado, também é um momento em que a gente está discutindo a relação (risos). É um momento em que estamos conversando. E o meu papel, neste momento, é dialogar com o PMDB. É dizer ao PMDB que o melhor para o PMDB é ficar conosco, porque há as mudanças que estamos implementando e que o PMDB também quer implementar no estado do Pará. Agora, é claro, vamos respeitar qualquer que seja... E vamos nos preparar para qualquer cenário. Mas a minha função, o que eu vou fazer, é o máximo possível fazer a aliança mais ampla. Vou trabalhar para isso.

Mas não seria complicado ter o PMDB como vice da sua chapa? Não seria uma espada apontada contra a senhora pelos próximos quatro anos?
Ana Júlia: Eu não me preocupo se... quem quer que seja de vice. Eu quero fazer uma chapa o mais ampla possível, onde o PMDB esteja representado na chapa majoritária, junto com o PT – e, se possível, outros partidos, também representados.

Mas o PMDB está batendo o pé pela vice...
Ana Júlia: Se for... Veja bem: quaisquer que sejam as funções em que o PMDB esteja, ele estará apoiando esse projeto de mudança no Pará. Então, nós estamos indo no mesmo rumo, na mesma direção. Isso é muito bom, não é negativo. Em qualquer lugar da chapa majoritária que esteja o PMDB, será bom para aqueles que querem que as mudanças continuem acontecendo no nosso estado. Porque assim como tem algumas lideranças que vêm conversar comigo, que querem logo fechar aliança, que ficam torcendo para fechar a aliança, até porque eles se lembram de que forma eles eram tratados em outro governo.
Mas a senhora prefere um vice do PR, por exemplo?
Ana Júlia: Eu prefiro que a nossa chapa seja uma chapa ampla. E isso não é uma concepção minha: é uma defesa do PT. Estou defendendo uma chapa ampla, mas o PT tem defendido que seja uma chapa ampla, também, e que se contemple mais do que dois partidos na chapa majoritária.

Mas a senhora, com vários anos de política, vinda desde a vereança, vendo essa questão toda, a senhora acha que é possível ter do mesmo lado PMDB, PR e PTB, com todas as divergências que eles têm demonstrado?
Ana Júlia: Claro que é possível! Todos fazem parte da base de apoio do meu governo, como fazemos parte, todos, da base de apoio do governo Lula. Então, é possível.

A senhora não acha difícil administrar essa fome, esse lado espaçoso do PMDB?
Ana Júlia: Olha, eu te diria o seguinte: o PMDB e o PT são partidos grandes. Não são hegemônicos na sociedade, mas, têm representatividade. Quem confere essa representatividade, tanto ao PT quanto ao PMDB é a sociedade. Nenhum dos dois é hegemônico, certo? Têm mais ou menos o mesmo tamanho. Então, é natural um certo conflito, uma disputa. Não se trata de apetite: é disputa por espaços de poder. É uma disputa que eu reconheço como natural do processo político. Porque as pessoas acham que quanto mais ocupam espaços, mais condições têm de fazer a política para o seu partido político. Porque o fato de estar aliado com outro partido não faz com que o partido perca a identidade. Por exemplo: o PMDB está aliado conosco, mas não perde a sua identidade, como também o PT está aliado com o PMDB não só numa série de estados, mas, de municípios do Pará. Em vários municípios paraenses, o PT é vice do PMDB, ou tem espaços na administração. E o PT, também, não perde a sua identidade. Então, essas disputas muitas vezes acontecem pela tentativa de cada um tentar ser mais hegemônico que o outro. Mas eu vejo isso com naturalidade.

Mas o PMDB se queixa que o PT acha que ele só quer cargos, quando, na verdade, os peemedebistas querem é trabalhar. Para o PT, para a senhora, o PMDB só quer cargo?
Ana Júlia: Não, não acho isso. O PMDB administra áreas importantíssimas no meu governo e áreas que andam muito bem, como Habitação, Saneamento, como o Hemopa, a Jucepa – muito bem administrada – a Ceasa, o Detran. Então, seria um absurdo dizer uma coisa dessas. E eu não creio que ninguém do PT diga isso.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Um feliz natal pra você!

Queremos agradecer você, leitor, pelas visitas e desejar um feliz natal!

Le Monde elege Lula "O Homem do Ano"

Na verdade, foi uma forma de não usar a expressão "o cara", como disse Barack Obama, num momento de tietagem ao nosso presidente neste ano de 2009.
O jornal francês Le Monde, o mais importante daquele País, conferiu a Lula o título destaque de "O homem do ano", por tudo o que conseguiu realizar este ano (mas também pelo conjunto da obra).

Lula homologa 9 terras indígenas

Lula homologa 9 terras indígenas, em área de mais de 50 mil quilômetros quadradosUma área de mais de 50 mil quilômetros quadrados --equivalente a 34 vezes o tamanho da cidade de São Paulo-- foi confirmada como território indígena. O decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que aumenta o volume de floresta protegida no país, será publicado na edição de hoje do "Diário Oficial" da União. A maior das nove terras indígenas homologadas ontem é a Trombetas Mapuera, no Estado do Amazonas. Mede quase 40 mil quilômetros quadrados, mais do que o dobro da área da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, objeto de disputa no STF (Supremo Tribunal Federal) neste ano. A segunda menor terra indígena homologada ontem é provavelmente a que mais renderá polêmica. Arroio-Korá fica em Mato Grosso do Sul, em terras disputadas por fazendeiros.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Sobre o novo salário mínimo e Lula

Deu no Site do jornalista Rodrigo Viana no dia 23 de dezembro de 2009.

No início de 1954, Jango (que era, então, o Ministro do Trabalho de Getúlio Vargas) propôs aumento de 100% para o salário mínimo. A UDN (partido da direita, forte entre as classes médias no Rio e em São Paulo) se agitou. Os militares também se agitaram: como podia um operário ganhar tanto quanto um tenente? A pressão foi tanta que Jango perdeu o cargo. Alguns meses depois, sob acusações de todos os lados, Vargas perderia a vida, metendo uma bala no peito.

Veja o que o site da FGV informa sobre o episódio do salário mínimo - http://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/Jango/artigos/NoGovernoGV/Salario_minimo_e_saida_do_ministerio_do_trabalho:
“Os principais lances da crise são úteis para se dimensionar o montante da articulação oposicionista, e que se concluiria com o episódio do suicídio de Vargas, em agosto do mesmo ano.
O ministro da Fazenda, Oswaldo Aranha manifestou sua total contrariedade à proposta, secundado pelos membros da "banda de música" da União Democrática Nacional (UDN) – parlamentares que faziam muito barulho no Parlamento, sempre atacando Vargas. As acusações não eram novas, mas ganhavam virulência ante o desmedido da proposta em causa. Jango era um "manipulador da classe operária", "um estimulador de greves", "um amigo dos comunistas", que tinha como plano a implantação, naturalmente com o assentimento de Vargas, de uma "república sindicalista" no Brasil. Alimentando tais ataques havia um outro. O de que Vargas mantinha conversações secretas com Juan Perón, presidente da Argentina, no sentido da formação do chamado Pacto ABC – Argentina, Brasil, Chile – com evidentes contornos anti-americanos e tendências "socializantes". Uma mistura explosiva de má condução da política interna e externa, capaz de justificar até mesmo um pedido de impedimento do presidente.”

Alguma semelhança com as acusações contra Lula?
Lula – hoje - é acusado de conduzir uma política de integração com viés anti-EUA. A mesma acusação que pesava contra Vargas. Com relação ao mínimo, situação idêntica.

A UDN continua onde sempre esteve. A UDN – hoje, como há 55 anos - não quer aumento de salário mínimo: R$ 510 é a proposta de Lula para 2010.

Ainda zonzo, depois de uma viagem de 14 horas de carro (entre São Paulo e Florianópolis), eu tomava café no hotel agora cedo, e assistia ao “Bom (?) Dia, Brasil”. Alexandre Garcia desfilava ironia (ele se acha engraçado) diante da proposta de aumento. Frisava que isso vai ocorrer em “ano eleitoral”. A UDN não quer pobre ganhando mais. Ainda mais em ano eleitoral. Isso fere os brios da UDN.

Verdade que a UDN que depende de voto (PSDB e DEM) não pode berrar contra o salário mínimo de R$ 510. Aí, sobra para o partido da imprensa.

A banda de música do Alexandre Garcia esqueceu de informar ao dileto público que a política de reajuste ao salário mínimo não depende só de “canetada” do presidente em ano eleitoral. Não. O governo Lula adotou uma política consistente (e permanente) de recuperação do mínimo. Reajuste real é concedido, sempre, com base no crescimento do PIB de dois anos antes. Lula tem meta para o mínimo. A UDN demotucana só tinha meta para inflação. Fazer o que... E ainda dizem que Lula “tem sorte”. He, He.
Não é sorte. São escolhas.

A política de Lula é muito mais consistente do que a canetada de Jango. É consistente. Isso apavora a UDN e sua banda de música na Globo.

Não é só o despeito com o pobre que ganha mais. É todo um ideário liberal que afunda.
Durante 15 anos, como repórter, cansei de entrevistar “consultores” e “economistas” que defendiam: o Brasil precisa fazer a “lição de casa”. Os anos 90 foram assim: “lição de casa”! Eu tinha engulhos a cada vez que ouvia essa expressão. Perdi a conta de quantas vezes isso foi ao ar na TV brasileira – como uma pobre metáfora de nossa subserviência...

A turma da “lição de casa” pregava: “superávit primário”, “controle dos gastos públicos”, “autonomia do Banco Central” (como se o BC fosse uma instituição acima do governo, quando ele é mantido com nossos impostos, e deve estar subordinado ao governo de turno) etc etc etc.
Isso tudo virou lixo depois da crise de 2008.

No primeiro mandato, Lula ampliou um pouco os gastos sociais (“esmola”, diziam), mas manteve a ortodoxia na economia.

No segundo mandato, livre de Paloccci, o governo ampliou sua atuação como indutor do desenvolvimento. Mantega conduz uma política livre das amarras da turma da “lição de casa”.
Hoje mesmo, véspera de Natal, Mantega está nos jornais a dizer que Banco Central não precisa ser autônomo, coisa nenhuma!

A turma da “lição de casa” não gosta disso.

A turma da “lição de casa” não gosta de Keynes. O sábio economista dizia (groso modo, perdoem minha simplificação) que a equação da economia se resolve quase sempre pela demanda, não pela oferta. Se há crise, estimule-se a demanda, e a roda volta a girar.

Foi o que Mantega fez em 2008 – com isenção fiscal para carros, linha branca etc. Lula também pediu aos pobres que seguissem comprando. E deu certo.

Deu certo porque Lula havia criado as bases de um imenso mercado interno de consumo: “bolsa-família”, salário mínimo com ganho real, reajuste para funcionalismo...
Tudo isso contraria a cartilha da “lição de casa”.

Vejam: o governo (com Mantega, no meio da crise) adotou políticas de isenção de impostos (“populismo” berraram alguns colunistas), e ainda assim a arrecadação voltou a crescer. Número de novembro indica aumento de 26% em relação a novembro de 2008 - http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u670008.shtml.

A turma que torce pela “deterioração das contas públicas” não deve estar entendendo nada.
Lula fingiu adotar a política fernandista. Mas superou essa política, sem alarde.
Lula fez o que Celso Furtado e Maria da Conceição Tavares pregaram durante anos e anos! Lula construiu um mercado interno de verdade.

Serra – que não é tonto, e não é um “liberalóide” radical – sabe que não pode fazer campanha pregando “controle dos gastos públicos”. Isso servia para enganar a turma nos anos 90. O Brasil mudou. E o Serra sabe disso. Mas o Alexandre Garcia (com a turma mais tosca da UDN) não sabe.

Nem Obama mais acredita na doutrina liberal. Obama salvou a GM e alguns bancos com grana pública. Obama não fez a “lição de casa”?

Só a banda de música (na Globo e em alguns jornais) ainda segue a velha cartilha. É o passado, que se recusa a passar.

O passado será atropelado pelos fatos.

Ainda mais quando lemos que – com o reajuste para R$ 510 – o mínimo vai atingir o maior patamar em quase 3 décadas.

Lula colocou o capitalismo brasileiro em novo patamar. Os toscos capitalistas (ou aqueles que pensam representar os capitalistas, nas telas e nos jornais) não perceberam.

Dessa vez, a UDN vai ficar falando sozinha.

O suicídio dessa vez virá do outro lado. É a UDN que vai meter uma bala no peito se continuar se recusando a enxergar a realidade.
Azar da UDN.

PTB e PSD – se tiverem juízo – seguirão juntos, isolando a direita e mantendo o Brasil na rota do crescimento. Isso apesar de todos os problemas e insuficiências do governo Lula. É preciso – sim – fazer a crítica do governo Lula, pela esquerda. Mas sempre reconhecendo seus avanços.
Tudo leva a crer que Lula não vai se igualar a Getúlio. Não. Vai é superá-lo. Sem golpe, sem bala no peito. Tudo no voto.

É demais para a UDN. Coitadinha...

Aniversário da Governadora

Parabéns, governadora, por mais um ano de vida!


Novo salário mínimo. Lula é o cara

Me lembro que nos discursos de Lula há anos atrás, antes de ser presidente da república, falava em equiparar o salário mínimo nacional ao equivalente a U$ 100,00 (cem dólares), mas o velhinho não tomou conhecimento, e como é obstinado a melhorar a vida do povo brasileiro, dará uma aumento que deixará o salário mínimo equivalente ao triplo do que pretendia de imediato, ou seja, próximo a U$ 300,00 (trezentos dólares). Então, a partir de janeiro de 2010, o brasileiro receberá pelo menos R$ 510,00 (quinhentos e dez reais), atualmente é R$ 465,00 (quatrocentos e sessenta e cinco reais).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Comparação em pesquisa do Datafolha entre Serra e Dilma

DataFolha em 08/12/2008
Serra 41%
Dilma 8%
Diferença pró Serra 33 pontos percentuais.

DataFolha em 20/12/2009
Serra 37%
Dilma 23%
Diferença pró Serra 14pontos percentuais.

Dilma e seu novo visual

Mulher guerreira... é Dilma presidente em 2010!!!

Nada de pesquisa!

Bem que poderia sair alguma pesquisa de intenção de voto ao Governo do Estado do Pará, mas nada! As únicas que saem são aquelas extraoficiais que somente servem para determinado partido barganhar alguma coisa. No entanto se for verdade o que saiu pelos bastidores, dando conta de que a disputa está equlibrada, é certeza de muita incerteza e muitas emoções.

Maior exposição da Governadora na mídia

A governadora Ana Júlia tem feito quase uma maratona para ter visibilidade na mídia... Nesses últimos tempos já esteve na TV Liberal, no Programa do radialista Jefferson Lima (Rádio Rauland)... E por falar nesse radialista, a Ana e membros do Governo, como o chefe da Casa Civil, Puty, ganharam a oportunidade de expor as realizações da atual gestão. Mas essas oportunidades, ao que nos parece, ocorreram principalmente, devido ao alinhamento do Partido Progressista, o mesmo que faz parte Jefferson Lima, ao governo da petista.

Disputa ao Governo do Pará...barganha, barganha!

De todos os episódios envolvendo a "pré" disputa de 2010 ao Governo do Estado do Pará, diga-se de passagem, tendo como principais atores o PMDB, o PTB/PR, o PT e o PSDB, e as incertezas que rondam tal disputa, um dos únicos pontos que é possível fazer algum prognóstico é que nenhum dos interessados conseguirá uma vitória estando sozinho. Esse fato empurra-os às negociações, mas ninguém parece estar disposto a abrir mão dos seus interesses ou ninguém quer sair perdendo nada, assim fica difícil conseguir alguma definição prematuramente... O jogo apenas começou e todos querem demonstrar o seu tamanho no campo político. O PMDB tem sido o ator que barganha mais alto aqui por essas bandas, como diz o caboco!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Diretório Estadual do PT: avaliação do Governo e estratégias para 2010

Partido dos Trabalhadores Diretório Estadual do Pará

Diretório Estadual do PT: o desafio em 2010 é mobilizar a sociedade, para que o Brasil e o Pará continuem avançando.

O Diretório Estadual do Partido dos Trabalhadores no Estado do Pará, reunido em Belém, no dia 12 de dezembro de 2009, avalia o trabalho realizado pela atual direção do Partido dos Trabalhadores nos últimos dois anos, faz um balanço do governo do estado do Pará e reafirma as estratégias eleitorais para 2010.

1. A gestão da direção Estadual PT representou um salto de qualidade, com a dinâmica de construção coletiva de ações, projetos, diálogo amplo e prática pluralista na condução das tarefas da direção. Investimos na formação política da militância, através da Jornada Nacional de Formação, da criação do Coletivo Estadual de Formação e cursos para vereadores e lideranças regionais em parceria com a Fundação Perseu Abramo, Encontro Estadual da juventude, apoio a organização dos setoriais; participamos ativamente do processo de organização e realização do Fórum Social Mundial, realizamos a Caravana PT pelo interior, que teve como objetivo dialogar com os companheiros de todo o estado sobre o partido, o nosso governo e a disputa de 2010.


2. Saudamos a força da militância petista, que sempre participa ativamente dos fóruns do PT e assim compareceu ao 4º. PED – Processo de Eleições Diretas, em 22 de novembro e 6 de dezembro, onde, em todo o país, 1.300.000 filiados se habilitaram a votar e 60 mil no Pará. Aqui, 25.404 filiados compareceram para votar e escolherem seus representantes nas instâncias municipais, estadual e nacional representando 42% do total de filiados e filiadas, com o engajamento direto de mais de 2 mil petistas que participaram ativamente do PED, na condição de integrantes de chapas e candidatos.


3. É com alegria que chegamos a dezembro de 2009 e saudamos o governo popular que completa quase três anos de gestão, após a retumbante vitória da democracia em 2006, com a eleição da companheira Ana Júlia. Governo que, desde que assumiu, em 2007, enfrentou as desigualdades encontradas no Pará com um novo modelo de desenvolvimento e com a opção clara de criar oportunidades e dar proteção social aos que mais precisam, integrando campo e cidade, respeitando o meio ambiente e a diversidade cultural do nosso povo. Um governo que trabalha para melhorar a vida do Pará e do povo que mora e produz aqui, com ações e programas sociais em todos os municípios e não apenas na capital.

Balanço do Governo da petista Ana Júlia

4. O governo popular aumentou em números reais o salário dos servidores em 2007 em 9,8%. Em 2008 o aumento foi 9,21% para nível operacional, 10,07% para nível médio e 6,5% para nível superior. Realizou concurso público com mais de 20.000 vagas e não apenas reestruturou o IASEP como ampliou e regulamentou o atendimento do PAZ através do Instituto. O Banpará já investiu 6,5 milhões de reais no microcrédito e reduziu os juros dos empréstimos consignados aos servidores, de 6,5% para 1,8% ao mês. A valorização dos funcionários do Banpará é efetiva, com a formatura do melhor acordo coletivo com a categoria bancária, assim como a ampliação do número de agências: cinco novas agências, em menos de 3 anos.

5. Investimos na juventude naquilo que mais lhe é caro: a oportunidade de uma vida melhor. O Bolsa-Trabalho tem 62,3 mil jovens cadastrados, com mais de 40 mil qualificados e 38,7 mil recebendo o benefício. Do início dele até agora, 18 mil jovens foram inseridos no mercado de trabalho com a carteira assinada. O Bolsa-Trabalho também produz economia solidária e investimento no empreendedorismo associativista juvenil apoiados no CredPará. O Pro - Jovem atende a 8,5 mil jovens e o Pará apóia, com o Pro - Jovem prisional, a 300 jovens que estão nas unidades carcerárias, para que tenham chance de ser incluídos na sociedade, após o cumprimento de suas penas.

6. Na e educação estamos alcançando a meta de inaugurar 29 unidades de educação tecnológica. 500 escolas tiveram intervenções de melhoria e novas unidades educacionais foram construídas. O Navega Pará tem levado a inclusão digital e a informatização às escolas do estado. O vale-alimentação foi estendida a todos os funcionários públicos da área. Mais de 3 milhões liberados para a aquisição de livros para os professores (Cred-Leitura). A SEDUC introduziu os Kits Escolares ampliou a oferta de vagas na UEPA, a regulamentação da meia-passagem intermunicipal e fortaleceu o programa de alfabetização de jovens e adultos através do MOVA como mecanismo para a erradicação do analfabetismo no Pará

7. Na saúde, a governadora criou um novo modelo de atenção básica. Na nova Santa Casa, cuja obra está em curso, serão aberto 70 leitos da maternidade (de 110 para 180), a UTI pediátrica duplicará os números de leitos e terá uma UTI Obstétrica com 20 leitos. Serão construídos 3 hospitais de urgência e emergência em Breves, no trevo de Abaetetuba e Ipixuna do Pará para desafogar a demanda pela capital.

8. Na área Fundiária saímos de campeões de violência no campo para conduzirmos o mais vasto programa de regularização fundiária da história do Pará, visando estabelecer um ambiente pacífico, legal e seguro para os investimentos. Combatemos o crime ecológico com coragem e ousadia. Dos 173 mandatos de reintegração de posse recebidos dos anos neoliberais, restam apenas 63. Os números da regularização fundiária no governo do PT são 11 assentamentos, beneficiando 645 famílias. Entre 2007 e 2008 foram titulados 26.263 hectares de terras quilombolas, entregando 12 títulos de terra que beneficiaram 818 famílias.

9. Na área da segurança pública, o mais grave espólio da herança tucana, a governadora investiu mais de R$ 2,7 milhões em 2007, verba que saltou para mais de R$ 6,6 milhões no ano seguinte. Em 2009, 8,1% do orçamento do Estado será para segurança, apesar dos reflexos da crise financeira mundial. Novos veículos foram adquiridos, 1.500 novos policiais foram incorporados por concurso público ao efetivo, quase um terço da tropa encontrada em 2007. Por isso, diminuiu o volume total de crimes praticados em fevereiro de 2009, em comparação a janeiro do mesmo ano e a dezembro e fevereiro de 2008, segundo o Dieese.

10. A companheira que governa o Pará retomou o sinal da Funtelpa no sentido de torná-la a TV Pública do estado, revertendo o contrato anterior de exploração privada de seus equipamentos e funcionários. Instalamos retransmissores em 31 municípios. A antiga a Rádio Cultura Ondas Tropicais, fechada a 11 anos, em 1998, por Almir Gabriel, foi reinaugurada. Ela chegava aonde não chegava a televisão e nenhum outro veículo de comunicação.

11. O governo petista reconstrói o modelo de desenvolvimento do Pará, estabelecendo a força do Estado na economia. Estamos implantando três parques de ciência e tecnologia vocacionados para qualificar cadeias e ramos produtivos específicos para inovar a produção das empresas. O governo reforça a infra-estrutura portuária e rodoviária e age na malha urbana de Belém com obras como o Via Metrópole, com o elevado da Júlio César, túnel na Dr. Freitas com anel viário, a duplicação da Transmangueirão e Avenida Independência, a reconstrução da Rodovia Arthur Bernardes até Icoaraci e o prolongamento da Avenida João Paulo II até o viaduto do Coqueiro e Perimetral entre outras.

12. Obras estruturantes que só existiam no discurso, como a conclusão das eclusas de Tucuruí e o asfaltamento da Santarém-Cuiabá e Transamazônica, estão saindo do papel pela força política da governadora e seu prestígio junto ao presidente Lula e o carinho dele pelo Pará.

13. A COHAB começou a publicação dos editais em 23 cidades acima de 50 mil habitantes para adquirir terrenos para o programa Minha Casa, Minha Vida. A lista dos municípios inclui Belém, Ananindeua, Abaetetuba, Alenquer, Altamira, Barcarena, Bragança, Breves, Cametá, Capanema, Capitão Poço, Igarapé-Mirim, Itaituba, Jacundá, Moju, Monte Alegre, Novo Repartimento, Oriximiná, Redenção, São Felix do Xingu, Tailândia, Tucuruí e Santarém.

14. Em suma, o governo popular está refundando, do ponto de vista sócio-político-administrativo, o Estado do Pará. O Planejamento Territorial Participativo (PTP) incentiva o controle social das ações do Poder Público pela população e a participação popular na construção das ações, projetos e programas do estado, distribuindo obras e recursos por todas as regiões paraenses, ao contrário de antes.

Eleições 2010, alianças e estratégia pré-eleitoral

15. Para 2010, nossos adversários estão divididos. Dão como certo seu retorno ao lugar de onde não admitem terem sido apeados pelo voto direto do povo. Além desse passado nefasto que tentam o tempo inteiro vender como uma época de ouro, os tucanos não conseguem apresentar idéias e propostas para o Estado, a exemplo do que acontece com seus congêneres nacionais José Serra e Aécio Neves, e até hoje não apontam seu programa para o Pará, a não ser duas ou três obras turísticas concentradas na capital.

16. A prioridade do PT em 2010 é aprofundar o nosso projeto de desenvolvimento no Pará, com a reeleição da governadora Ana Júlia, a recuperação da vaga do PT no Senado com a candidatura do companheiro deputado Paulo Rocha, liderança capaz de fortalecer a chapa majoritária e animar ainda mais a militância petista; ampliar nossas bancadas na assembléia legislativa e na câmara federal e contribuir com os avanços do Brasil no futuro governo da ministra Dilma Roussef, que já alcançou os 20% nas intenções de voto a mais de um ano das eleições.

17. A construção de um programa democrático e popular capaz de aprofundar as mudanças em andamento e inscrever novos desafios na construção de um Pará Para Todos passa por um amplo debate nas instancias partidária e com participação dos nossos aliados é peça fundamental deste tabuleiro.

18. É necessário construirmos uma ampla aliança entre as forças democráticas e progressistas, unindo partidos e sociedade civil, envidando todos os esforços para reeditar a aliança vitoriosa de 2006 com o PC do B, PSB, PMDB e PRB e buscando ampliá-la na direção de PR, PTB, PP, PV, PSC e PDT e outros partidos que estão dialogando com a nossa base.

19. Também é preciso organizar o mais rápido possível o comando da campanha de reeleição da governadora Ana Júlia e do senado e definir o calendário da pré-campanha é uma tarefa urgente. Precisamos destacar as obras e ações por região, demonstrando o impacto dessas obras e serviços na vida da população beneficiada.


20. Em síntese, é missão do PT construir a estratégia de mobilização que fará do ano de 2010 não apenas um ano eleitoral, mas um ano de intensa participação política, em defesa de nossas conquistas. Para tanto, o balanço e o programa de governo terão função central. É preciso popularizar esse debate, desde já. É necessário, também, construir uma ampla base de alianças para propiciar a reeleição de nosso projeto político e a consolidação da coalizão que sustenta o governo, ampliando nossas bancadas na Assembléia Legislativa, retomando nossa vaga no Senado, objetivo essencial para a agenda de mudança que queremos para o Brasil e para o Estado do Pará.

21. O Diretório Estadual PT transmite a todos os filiados, filiadas, simpatizantes e eleitores do PT nossos votos de boas festas, descanso merecido e muita esperança, fé e energia, que nos prepare para as grandes lutas de 2010.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Atenção nos prazos eleitorais!

O dia 5 de maio de 2010 será o último para o eleitor requerer inscrição ou transferência de domicílio. As convenções partidárias para definição de candidaturas poderão ter início em 10 de junho.


A propaganda eleitoral será permitida a partir de 6 de julho. Nas eleições de 2010 serão eleitos o presidente da República, governadores, senadores, além de deputados federais, estaduais e distritais.


O calendário eleitoral foi aprovado pelo plenário do TSE no dia 1º de julho deste ano. O primeiro turno será no dia 3 de outubro de 2010 e o segundo turno, nos casos em que houver necessidade, no dia 31 do mesmo mês.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Emprego cresce 300% no Pará

Boletim Eletrônico do PT Pará

As obras do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) são um dos fatores que ajudaram no crescimento da geração de empregos no Pará. A avaliação é da governadora Ana Júlia Cerepa, que recebeu com otimismo os números apresentados pelo Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), que mostram crescimento de 300 por cento na geração de empregos, em outubro, em relação ao mesmo mês do ano passado.
A governadora Ana Júlia Carepa citou exemplos de como governo federal e estadual, juntos, contribuem para o crescimento do Pará. Entre os exemplos estão os 180 milhões de reais investidos em projetos diretos do Governo do Estado e obras do PAC, como projetos no canal do Tucunduba e Taboquinha, em Belém. Em Marabá, há projetos em execução na área conhecida como Cabelo Seco.
A governadora afirma que até 2010 serão 938 milhões de reais investidos nestes setores. O Governo do Estado entra com 25% de contrapartida nas obras em parceria coma União O trabalho de recuperação de estradas, intensificado após o inverno amazônico, também, segundo Ana Júlia, contribuíram para a geração de empregos. Outra fonte de empregos formais é o programa Bolsa Trabalho, da secretaria de Trabalho, Emprego e Renda, que já encaminhou 15.300 jovens ao mercado de trabalho.

Pará aumenta comécio com Venezuela

A Governadora do Pará, Ana Júlia, está abrindo portas para o estado vender seus produtos no exterior. Segundo o que está no site do Governo do Estado, em 2007, o Pará exportava para a Venezuela cerca de 1 milhão e meio de dólares. Agora, já atinge 334 milhões de dólares. E deverá aumentar ainda mais com os recentes acordos fechados com Hugo Chávez. Confira evolução das exportações abaixo.
Exportações Pará - Venezuela
2006 - US$ 1,5 milhão
2007 - US$ 195 milhões
2008 - US$ 334 milhões
2009 - até setembro - US$ 241 milhões

SEMA de Ananindeua realizará Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do município de Ananindeua realizará dois eventos importantes para discussão da sociedade: a Iª Conferência Municipal de Seguarança Alimentar e Nutricional e o Iº Encontro Municipal de Meio Ambiente, respectivamente nos dias 03 e 04 de dezembro de 2009 no auditório da Secretaria Municipal de Educação (ao lado do Líder BR).
Ambos os eventos são importantes, mas nesse caso, ganha destaque a conferência de segurança alimentar e nutricional por ser o pontapé inicial para uma política que visa estratégias de diminuição da desnutrição, fome e má alimentação em Ananindeua, haja vista que fica por conta da SEMA a pasta de seguranaça alimentar.
O Secretário Municipal de Meio Ambiente (e por que não dizer, de Segurança Alimentar) Filippe Bastos, do Partido dos Trabalhadores, pretende lançar no início de 2010 o 1º "restaurante popular" de Ananindeua, seguindo uma política do governo federal de combater a fome. Nesse sentido, a SEMA desenvolve projeto de lançar também "cozinhas comunitárias", e "banco de alimentos", além do Poder Executivo ter criado no mês de julho o Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional - COMSEA. A conferência virá para dar voz à sociedade na formulação da política púbica ligada a essa área.

sábado, 14 de novembro de 2009

Governadora Ana Júlia sanciona lei de meia passagem intermunicipal

Ontem, dia 13 de novembro de 2009, a Governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), sancionou a Lei Estadual nº 1.327, alterada pela Emenda nº 35, de 24 de janeiro de 2007, que garante a meia passagem intermunicipal aos estudantes do ensino médio, técnico, superior e pós-graduação em todo o território paraense. O ato de assinatura ocorreu no município de Castanhal na presença de outras autoridades do governo e de entidades estudantis como a União Paraense dos Estudantes Secundaristas - UPES e a União Nacional dos Estudantes Secundaristas - UBES. A lei da meia passagem intermunicipal se estende a todos os transportes coletivos rodoviários e aquaviários. Dessa forma, se abre uma maior possibilidade do jovem, principalmente do interior, de cursar uma universidade, um curso técnico ou mesmo o ensino médio em outro município onde não mora. É uma conquista da juventude e um ato histórico do governo petista aqui no estado do Pará.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Privatização da água em Belém - Vergonha!

Infelizmente parece que a história da privatização da água em Belém vai se concretizar. Mas o povo deve ir para a rua protestar. Não basta a Celpa? A antiga Companhia Vale do Rio Doce? Se todos ficarem parados, Duciomar vai passar o rolo compressor na câmara de vereadores...

Chama Verequete


Adeus, mestre Verequete.

Sua importância apara a música paraense não tem precedentes...

E deve ser reconhecida!

Verequete eternamente...

Chama Verequete! Chama Verequete!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Os caminhos de luta dos camelôs

LIBERDADE DE EXPRESSÃO


Desde a notificação feita pela prefeitura de Belém em 14/10/09, que determinava a retirada imediata dos equipamentos (barracas) do perímetro entre a Rua Conselheiro Furtado e a Trav. Manoel Barata, os Trabalhadores Informais - camelôs têm vivido um drama terrorista.
Mediante este fato, os representantes das entidades dos trabalhadores do mercado informal – Sindicato e Associação – procuraram, no mesmo dia, a secretária de Urbanismo (Seurb) para melhores informações. Ao chegarem, não foram recebidos por ninguém. Porém, um assessor que se encontrava no local, marcou uma possível hora para o outro dia seguinte. Os representantes acompanhados de boa parte dos trabalhadores chegaram bem cedo na esperança de falarem com o secretário – Sérgio Pimentel – o que não seria possível, segundo a informação da sua chefa de gabinete.
Entretanto, o diretor Marcos Alvarez (Marcão) recebeu os representantes das entidades, informando que a notificação era uma “ação preventiva” para respaldo da Prefeitura, uma vez que estavam esperando chegar uma determinação judicial, resultado de um processo provocado pelo Complexo Shopping Iguatemy, identificado pelo Nº 2008. 1.108046-1 na 3º Vara da Fazenda da Capital. Vale ressaltar que este diretor fez questão de dizer: “... estamos fazendo isso para depois os camelôs não falarem que a prefeitura não avisou... e não pense vocês que eu terei medo de entrar na área e limpar todas as barracas... Vou virar o ‘HULCK’...”



Munidos dessa informação, os representantes e os trabalhadores se encaminharam para a câmara Municipal de Belém, onde foram recebidos pelos vereadores os quais ouviram os representantes (Ray, Raulino e Rubens) que se prontificaram a interceder a favor. O vereador e ex-comandante da Guarda Municipal, Pio Netto, anunciou uma noticia nova: “... Liguei para o secretário Sérgio Pimentel e ele garante oito dias para os trabalhadores buscarem uma solução na esfera judicial...”. O fato é que não existe nenhuma movimentação no processo desde 31/07/09, quando a Juíza Titular – RISOLEIDI MARIA COSTA CUNHA - enviou um documento perguntando se o provocador do processo, Complexo Shopping Iguatemy, ainda tinha interesse em continuar o processo administrativo. Este, até o presente momento nada tinha respondido.
Os representantes e a categoria, municiados desta informação, retornaram a casa do Legislativo Municipal no dia 20/10/09, desta vez, as entidades foram recebidas pelo seu presidente, Walter Arbarge, junto aos demais vereadores da primeira reunião, os quais formam o campo de oposição a atual gestão de Duciomar dentro da Câmara. Ele escutou dos ambulantes a razão pela qual estavam ali, e se predispôs a interceder junto ao seu “... amigo, Prefeito de Belém, Duciomar Costa...” a favor da causa, apesar de não depender dele (Walter Arbarge) a última palavra, falou que iria se empenhar para conseguir o sucesso do impasse e afirmou que até as 12:00 horas da quinta-feira (22/10/09), faria contato com as lideranças da categoria para que fossem comunicadas da posição do Prefeito.
No dia 21/10/09 as 08h30mim, os trabalhadores foram chamados na Casa do Povo, no gabinete do presidente Walter Arbarge, onde receberam a informação que o prefeito Duciomar Costa tinha compreendido e aceitado os argumentos dos trabalhadores apresentados pelo vereador “intercessor”. Os argumentos foram são:
1. A ausência de uma liminar ou ordem judicial que determine a retirada dos ambulantes das vias públicas deixa sobre a responsabilidade única da prefeitura a decisão, uma vez que o executivo por meio da SECON é administradora desta questão;
2. A proposição de “PAZ” entre os Camelôs e a Prefeitura, ou seja, não haverá manifestações que cause transtorno para a população, assim como, concordamos em sair das calçadas em razão do desenvolvimento urbano e, principalmente, para beneficiar a população desta capital - transeuntes;
3. A importância do trabalho como meio de sobrevivência e alternativa de geração de renda e sustentabilidade familiar no que concerne a condições básicas de subsistência e DIGNIDADE DO CIDADÃO;
4. A construção de uma ilha de empreendedorismo em frente a Pátio Belém, com a desapropriação de dois casarões, dando condições de trabalho, venda e comércio;
5. A participação dos trabalhadores na elaboração do projeto de infra-estrutura e atrativos para as ilhas de empreendedorismo.
Contudo, o Prefeito de Belém até que tem a boa vontade de não retirar os trabalhadores das vias publicas, antes de construir espaços para alocá-los, no entanto, ele é cobrado pelos seus apoiadores e colaboradores de campanha... Neste sentido, os “CAMELÔS” esperam ansiosos o desfecho da guerra de Titãs entre empresários lojistas e pretensões políticas de DUDU. Sabemos que a qualquer momento pode ter uma sentença judicial determinado a retirada dos trabalhadores informais, ficando clara a força das elites paraenses nas esferas Executiva e Judiciária, para conseguir implementar suas vontades no contra quem se opõem “doa a quem doer”. Vamos esperar para ver aonde vai chegar os caprichos desta elite abrupta.

Ass. RUBENS CAMELÔ

sábado, 17 de outubro de 2009

Brasil é líder no combate à fome entre emergentes, diz ONG

Retirado do site da BBC
O Brasil é líder no combate à fome entre os países em desenvolvimento, de acordo com um ranking elaborado pela ONG antipobreza Action Aid e publicado nesta sexta-feira para marcar o Dia Mundial da Alimentação.

Segundo o documento, o país demonstra “o que pode ser atingido quando o Estado tem recursos e boa vontade para combater a fome”.

A lista foi elaborada a partir de pesquisas sobre as políticas sociais contra a fome em governos de 50 países. A partir da análise, a ONG preparou dois rankings – um com os países em desenvolvimento, onde o Brasil aparece em 1º lugar, e o outro com os países desenvolvidos, liderado por Luxemburgo.

Em último lugar na lista dos desenvolvidos está a Nova Zelândia, abaixo dos Estados Unidos. Entre os países em desenvolvimento, a República Democrática do Congo e Burundi aparecem nas últimas colocações.

Segundo a diretora de políticas da Action Aid, Anne Jellema, “é o papel do Estado e não o nível de riqueza que determina o progresso em relação à fome”.
Brasil
O documento elogia os esforços do governo brasileiro em adotar programas sociais para lidar com o problema da fome no país e destaca os programas Bolsa Família e Fome Zero.

“O Fome Zero lançou um pacote impressionante de políticas para lidar com a fome – incluindo transferências de dinheiro, bancos de alimentação e cozinhas comunitárias. O projeto atingiu mais de 44 milhões de brasileiros famintos”, diz o texto.

Segundo o relatório, o programa ainda ajudou a reduzir a subnutrição infantil em 73%.

A ONG afirma ainda que o Brasil é “exemplar” no exercício do direito ao alimento e cita a Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan 2006) e o Ministério do Combate à Fome como medidas de que exemplificam que o direito à alimentação está sendo cada vez mais reconhecido como direito fundamental.

Apesar do aspecto positivo, a ONG afirma que o Brasil “ainda tem áreas em que pode melhorar” e cita o desafio de incluir os trabalhadores sem terra e pequenos agricultores nos programas sociais de alimentação.

“É imperativo que famílias em pequenas fazendas também estejam protegidas da expansão dos enormes programas industriais de biocombustíveis do Brasil”, afirma o relatório.
Índia
Em segundo lugar no ranking dos países em desenvolvimento aparece a China, seguida por Gana (3º) e Vietnã (4º).

A Action Aid destaca a redução no número de famintos na China – 58 milhões em dez anos – e elogia os esforços do governo em apoiar os pequenos agricultores.

Em contrapartida, o documento critica a Índia onde, segundo o relatório, 30 milhões de pessoas teriam entrado para a taxa dos famintos desde a metade dos anos 90.

Além disso, a ONG destaca que 46% das crianças estão abaixo do peso e subnutridas no país.
“A fome existe não porque não há alimento suficiente na Índia, mas porque as pessoas não conseguem chegar até ele. O governo indiano enfrenta um enorme desafio para proteger os direitos dos pobres”, diz o texto.

Ricos
Não só os esforços e as políticas dos governos de países em desenvolvimento e mais pobres são criticados no documento divulgado nesta sexta-feira.

No ranking dos países desenvolvidos, atrás de Luxemburgo está a Finlândia (2º) e a Irlanda (3º), com a Nova Zelândia(22º) e os Estados Unidos (21º) nas últimas colocações.

A ONG acusa o governo neozelandês de ordenar cortes acentuados no incentivo oficial à agricultura e classifica o incentivo do governo americano à agricultura como “mesquinho”.

“A contribuição (desses países) para expandir programas de segurança social permanece insignificante”, diz o documento, agregando Grécia, Portugal e Itália.